Abstinência sexual dos adolescentes na era da globalização cultural. Estudo de caso na cidade de chimoio em Moçambique (2022-2023)
Piotr Gebala
DOI:
https://doi.org/10.70634/reid.v2i14.278Palavras-chave:
abstinência sexual, educação sexual, prevenção ao HIV/SIDA, adolescentes, MoçambiqueResumo
A abstinência sexual é um fenómeno que é sobretudo discutido no contexto tradicional e religioso. Embora a abordagem de educação sexual abrangente chamada ABC (Abstinência, Fidelidade e Uso de Preservativo) englobe esta estratégia, na prática os programas de educação sexual recorrem pouco a este recurso. O presente estudo focalizou a atenção num adolescente do meio urbano na cidade de Chimoio em Moçambique e analisou a sua percepção em relação à abstinência sexual. Os participantes da pesquisa foram estudantes com idades compreendidas entre os 15 e 16 anos, das escolas secundárias públicas do curso diurno da cidade de Chimoio. A amostragem probabilística por conglomerado apurou 703 alunos, de ambos os sexos, das cinco escolas secundárias. As respostas foram analisadas através do pacote estatístico SPSS. Partindo de uma abordagem quantitativa a primeira parte da análise recorreu a estatística descritiva, apresentando-se através de gráficos e tabelas, as principais tendências motivacionais na busca de abstinência sexual. Constatou-se que 74.3% dos inquiridos recebem instrução na Igreja de não se envolverem sexualmente e 59% em casa, contudo, as análises posteriores revelaram que as principais razões motivacionais que levam os adolescentes a abster-se não partem da afiliação religiosa. O estudo revelou que 42.4% dos adolescentes não se está a envolver sexualmente porque simplesmente se considera ainda muito jovem. O teste de correlação de Pearson testou se ambos os sexos demostram as mesmas tendências motivacionais ou se existe alguma diferença significativa entre as razões motivacionais dos rapazes e das raparigas. O resultado demostrou que há mais meninas do que rapazes que consideram o factor de idade como determinante para não se envolver sexualmente. Aliada a esta razão surge o medo de engravidar, enquanto para os rapazes as razões mais destacáveis são o medo de contrair HIV e a instrução que vem de família. O estudo sugere que o conceito de abstinência deve ser mais explorado, e que os programas de educação sexual devem apresentá-lo como sendo uma alternativa viável enquanto método de prevenção e redução de riscos para uma grande proporção dos adolescentes.