A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA UNIVERSIDADE
Alberto Ferreira
Palavras-chave:
Educação Inclusiva, Políticas de Inclusão, Desigualdades, Sociais, Inclusão na UniversidadeResumo
A Universidade, particularmente no contexto moçambicano, tem pela frente um grande desafio, no que concerne à “Educação Inclusiva”. No presente texto, o autor procura realizar uma aproximação deste conceito, perspetivando-o no quadro do ensino superior moçambicano. O conceito de “educação inclusiva” assume, de acordo com o quadro de leitura convocado, significados próprios e distintos, particularmente quando o fazemos a partir de um determinado contexto singular. É o caso do contexto moçambicano, onde ainda estamos a dar os primeiros passos para promover uma autêntica e genuína educação inclusiva, desde o ensino básico, passando pelo ensino secundário e culminando no ensino superior. Nota-se, apesar dos esforços que algumas instituições de ensino estão a realizar, que esta filosofia ainda não é uma realidade próxima das nossas práticas educativas. A proposta que trazemos, para debater neste Seminário, parte de um significado muito próprio: falar de educação inclusiva é falar de uma formação integral e holística, onde todos os
aprendentes (seja de que nível de ensino se encontrem) possam ver garantidas as condições de um processo de aprendizagem de qualidade. Por conseguinte, a Educação Inclusiva, na nossa perspetiva, privilegia um significado integrador, onde não se trata, apenas, de dar condições especiais a alguns estudantes (como por exemplo, os que se enquadram nas “Necessidades Educativas Especiais”), mas de proporcionar a todos, sem exceção, boas vivências escolares e usufruir de condições ecológicas e estratégias pedagógicas adequadas, para além de um clima favorável à apropriação de valores éticos e cívicos. Assim, neste texto, procuramos dar alguns exemplos do modo como a Universidade Católica de Moçambique está a promover uma educação inclusiva, a partir da definição de algumas políticas (transição para a Universidade, acompanhamento psicopedagógico, educação de género, prevenção do HIV/Sida e inserção profissional) e estratégias de implementação. Consideramos que, do ponto de vista estratégico, o que ainda está por fazer em relação à Educação Inclusiva na Universidade é, por um lado, mobilizar recursos financeiros para investir em todas as áreas estratégicas das IES e, por
outro lado, criar condições que permitam a universalização do ensino superior, atribuindo bolsas de estudo e lares de estudantes para candidatos que provenham de famílias com escassos recursos financeiros. Constatamos que, apesar do crescimento e expansão do ensino superior, nos últimos decénios, em Moçambique, este continua a ser, na prática, menos inclusivo. Mesmo com o surgimento de muitas Instituições de Ensino superior (IES), públicas e privadas, o ingresso na Universidade continua a ser predominantemente selectivo, dado que a maior parte dos candidatos se encontra desprovida de meios financeiros para frequentar um curso de nível superior. Concluímos que a Educação Inclusiva deve ser uma prática, ou melhor dito, uma visão a partir da qual se deve considerar o sistema educativo em toda a sua complexidade.