FEIRAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE GADO COMO MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA DOS PEQUENOS CRIADORES DO SUL DE MOÇAMBIQUE

Maela V. Mapoíssa

Resumo

O presente artigo analisa o papel das feiras de comercialização de gado como estratégias de adaptação climática. Foi elaborado na base das acções do Projecto PROSUL implementado pelo Ministério da Agricultura, entre 2012 e 2020 no Sul de Moçambique. Foram aplicados métodos e técnicas tais como pesquisa bibliográfica e documental, o comparativo e a entrevista. Na vigência do projecto foram construídas 15 feiras de comercialização de gado, que são locais providos de infra-estruturas apropriadas (currais, corredores, balanças de pesagem dos animais e outras acessórias). Nas feiras há vantagem de controle do peso vivo do animal para a determinação de preço justo, controle de doenças, controle de roubo, redução de distâncias, entre outras. Contudo, o nível de adopção do uso das feiras é de 18%, assim como o de outras tecnologias resilientes que é de 31%. A razão principal deste baixo nível é o número reduzido daquelas infra-estruturas (apenas 15 em 31 distritos), impondo a necessidade de se continuar a percorrer longas distâncias para alcançar uma feira. Os baixos níveis de adopção das feiras, bem como das tecnologias resilientes, expõem a vulnerabilidade dos pequenos produtores em relação às mudanças climáticas, em particular a seca e os surtos. As feiras de gado são um óptimo mecanismo de adaptação climática, devendo ser suportadas por um sistema de aviso prévio eficaz, que forneça informação tempestiva da ocorrência de riscos climáticos, possibilitando o pequeno produtor tomar decisão de vender seus animais sem deflacionar o preço. São desafios do Governo e demais interventores sociais, aumentar o número de feiras, e identificar formas de influenciar o pequeno produtor para a mudança de paradigma de criação de gado, olhando-o como um recurso para a geração sustentável da renda e melhoria da sua condição de vida.