VULNERABILIDADE AO HIV: AS MENINAS E SUAS PERCEPÇÕES
Piotr Gebala, Rita Magalhães
DOI:
https://doi.org/10.70634/reid.v2i11.140Palavras-chave:
HIV, Vulnerabilidade, Raparigas, ÓrfãsResumo
O HIV/SIDA é um fenómeno que é sobretudo discutido no contexto de prevenção e tratamento. No âmbito da prevenção, a literatura aponta a existência de vários factores que expõem principalmente as mulheres e raparigas a um risco elevado de aquisição do vírus. Para além de factores biológicos e psicológicos, a vulnerabilidade da rapariga é exacerbada por factores sociais, económicos e culturais, sobretudo, quando inserida em contextos sócio-culturais, onde a relação entre ambos os sexos, é marcada pela desigualdade e falta de informação. O estudo foi realizado pelos pesquisadores da Universidade Católica de Moçambique no âmbito do projecto financiado pelo PEPFAR (o Plano de Emergência do Presidente dos E.U.A. para o Alívio do SIDA). A abordagem de estudo foi quantitativa e abrangeu 281 raparigas, de 13 a 21 anos de idade (sendo 20% órfãs), de três escolas secundárias, de Chimoio, no centro de Moçambique. A pesquisa mediu o nível de vulnerabilidade das intervenientes e constatou que somente 6% apresenta uma resiliência satisfatória, enquanto 94%, em vários graus, pode ser considerada vulnerável e, per se, exposta ao risco de infecção por HIV-SIDA. Os resultados revelaram fragilidades ao nível da qualidade dos conhecimentos das meninas em torno da infecção e igualdade de género, bem como a existência de comportamentos de risco relacionados com uma vida sexual activa, precoce e intergeracional. Adicionalmente, verificou-se que tanto as meninas que sentem que não têm alguém com quem falar sobre sexualidade, como as que são órfãs, apresentam um maior índice de vulnerabilidade, estas, possivelmente, devido a uma condição social precária.