A covid-19, a mineração e o apelo “fique em casa”: A partir da ética da responsabilidade
Elton Laissone
DOI:
https://doi.org/10.70634/reid.v2i13.166Palavras-chave:
Covid-19, mineração, economia, extractiva, ética, responsabilidade, oikosResumo
A Covid-19 recordou-nos que a vida é frágil, e que a nossa existência é insignificante, passageira. A pandemia provou também que o crescimento económico vem depois da necessidade de viver. A pergunta de Leibniz (porque existe o ser em vez do nada?), recolocada devido ao poder ilimitado de destruir o próprio ser, hoje é acompanhada por outra semelhante, mas mais profunda: porque o ser tem que existir em detrimento do nada? Sendo assim, o objectivo desta discussão é demonstrar que o apelo “fique em casa” devido à pandemia da Covid-19 não é um simples slogan publicitário, mas um verdadeiro apelo ético que deve levar-nos à responsabilidade pelo ser, sobretudo o ser vivo e o seu ambiente, isto é, responsabilidade pela oikos. Assim, o estudo, inteiramente qualitativo de matriz sociocrítica, e tornado teórico-empírico por ser feito a partir duma análise bibliográfica e da observação de factos do quotidiano em torno do impacto da Covid-19 no sector da mineração, desdobra a sua discussão em três áreas conceptuais: (i) a Covid-19 e o princípio da co-responsabilidade inevitável; (ii) a mineração, a economia extractiva e o princípio responsabilidade; e (iii) o apelo “fique em casa” e a ecologia integral na lógica do cuidado com a casa. A lição que estas três áreas conceptuais nos dão é que a responsabilidade pela oikos, para além de ser uma questão simplesmente ética, é também ontológica, e, consequentemente, uma questão de sobrevivência, quer de cada indivíduo, quer da espécie humana como um todo, quer do planeta.